Etiquetas

Abra de alguma lucidez audível / o que nem sabe-se por palavras nem / na música caminha, nem o silêncio anuncia-o [...] (J.O.Travanca Rego)

25 março, 2015

In Memoriam

Há luzes que brilham de dia mas só o sabemos à noite. Apagam-se nos olhos ao ficarem inertes na opacidade das coisas. Espantadas ficam na sua germinação, sem palavras, apenas um som que se esforça e quer levantar um sentido. Há luzes que se apagam no amor. Há luzes que se apagam na guerra. Há uma mão invisível que cobre os olhos, muito por dentro, rente ao signo. Há luzes que se apagam no sangue sempre sujo pelo tempo, e quando esmorecem violam essa dor pungente que habita a carne. Aqui abre-se a ferida cega, irmã noutra natureza desse som que propõe ao animal primevo a água e a fera. Ainda estamos lúcidos na cinza e no desejo, mas sem o tempo da espera. Há um abandono para começar.

Sem comentários: