Há luzes que brilham de dia mas só o sabemos à noite.
Apagam-se nos olhos ao ficarem inertes na opacidade das coisas. Espantadas ficam
na sua germinação, sem palavras, apenas um som que se esforça e quer levantar
um sentido. Há luzes que se apagam no amor. Há luzes que se apagam na guerra.
Há uma mão invisível que cobre os olhos, muito por dentro, rente ao signo. Há
luzes que se apagam no sangue sempre sujo pelo tempo, e quando esmorecem violam
essa dor pungente que habita a carne. Aqui abre-se a ferida cega, irmã noutra
natureza desse som que propõe ao animal primevo a água e a fera. Ainda estamos
lúcidos na cinza e no desejo, mas sem o tempo da espera. Há um abandono para
começar.
Etiquetas
- literatura (3)
- som (3)
Abra de alguma lucidez audível / o que nem sabe-se por palavras nem / na música caminha, nem o silêncio anuncia-o [...] (J.O.Travanca Rego)
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário