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Abra de alguma lucidez audível / o que nem sabe-se por palavras nem / na música caminha, nem o silêncio anuncia-o [...] (J.O.Travanca Rego)

25 agosto, 2011

Sobre o Fantasma e a Literatura



Obra: Teoria do Fantasma

Autor: Fernando Guerreiro

Editora/Ano: Mariposa Azual/2011



O fantasma colige, sobretudo a partir do século XIX, e ainda mais com o aparecimento das máquinas de reprodução (som e imagem), significados que nunca se perderam na literatura, seja ela erudita ou popular, laica ou religiosa.


Assume-se, no entanto, na primeira parte deste livro, «Literatura Fantástica», (esta obra comporta mais uma parte em poesia a que o autor chamou «Teoria do Fantasma» e uma separata «Teatro Dubrowka»), que não é apenas uma aparição do que já perdeu o corpo que se fala (e daí a palvra teoria) mas de Poesia, enquanto operação humana de produção (em diferentes camadas) de um outro que contamina a literatura tornando-a espectral e, por isso, fantástica.

O ensaio (e o poema) sugere dois percursos para essa aparição: por um lado o autor sabe-se portador do fantasma que preenche o texto; por outro lado o leitor constitui-se, na leitura e através do semelhante e analógico, com a estranheza.


Isto implica quase sempre, dependendo dos modos de produção de sentir, que o «real» renasce sobre o espectro, o que «implica o risco do sujeito» (leitor e autor). Risco de vida mesmo. Quantos soçobraram à visão de um «real» a partir de um meio? É esta última palavra que o livro segue. Não apenas o meio mas também a sua mensagem, essa que torna sensível, «visível», o fantasma.