Deixo aqui um poema:
(segundo)
E uma noite depois quiseste ficar comigo.
Tudo parecia idêntico menos as nossas mãosque trémulas seguravam o silêncio
não fosse ele soltar-se e partir-se
e espantar os pássaros para bem longe.
Tínhamos ambos a língua inchada
de nada dizerdo sarro que se cultiva na superfície
que sabe por vezes a sangue
quando lavrado com os dentes.
Dá-me a tua mão, pedes-me,
mas ela tem a forçade nunca ter sido corpo
e desmancha-se a caminho da tua.
Quando te toco é já um feixe de
ossos e carne que se alonga
desprendendo-se com anéis e tudo para o silênciolá fundo.
Aperta cada vez mais, sufoca-a,
até que seja tua, tua pele,ou um anjo degolado:
peço-te.