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Abra de alguma lucidez audível / o que nem sabe-se por palavras nem / na música caminha, nem o silêncio anuncia-o [...] (J.O.Travanca Rego)

22 março, 2007

Caos Territorial (Esmoriz-Aveiro), Miguel Serrão


A água já cobriu toda a terra. Depois emergiram os continentes. Primeiro juntos, mas depois quiseram separar-se, como tudo. A terra consome muita água. Depois vieram os bichos e com eles os humanos que fazem um esforço diário para ser maior a superfície sólida que a líquida. Só que por vezes o mar quer ter razão, pois tem em si o princípio da proporcionalidade: tira de um lado para repor noutro, ou não. Sucede que a nossa linha de costa tem um mar assim, sábio na sua velhice e medo.


11 março, 2007

Apontamentos para Baudrillard, agora que ele morreu



Baudrillard considera a sedução uma forma aristocrática que se opõe ao ideal burguês de produção e contra a ecstasy dos objectos, que são a «sua proliferação e expansão até n, até ao superlativo».
Então:
O belo mais belo que o belo .......... a moda.
O real mais real que o real .......... em televisão
O sexo mais sexual que o sexo ..... a pornografia.

Ecstasy é uma «forma de obscenidade», completamente explícita e não escondendo nada.
CROISSANCE ET EXCROISSANCE: crescimento e excreção: para B. parece que a sociedade gosta mais daquilo que se «entorna», que sai fora do lugar, do reservatório natural ou artificial. O que é excreção multiplica-se e ramifica-se noutras naturezas, num crescimento em espiral de incontrolável crescimento e replicação. Como resultado o sujeito, em B., sofre de inércia, uma entrópica inércia: a fascinação pelos objectos cria apatia e estupidificação.


Les stratégies fatales / banal strategies

O sujeito quer ser sempre mais esperto que o objecto que o fascina.

Por outro lado, os objectos são concebidos para serem cada vez mais espertos que o sujeito. «Espertos» no sentido em que são cada vez mais mágicos.
Definição da patafísica de Jarry:
«Pathaphisics is the science of imaginary solutions, which symbolically attributes the properties of objects, described by their virtuality, to their lineaments»
(Alfred Jarry, «What is pataphysic?»)
O génio maligno de Descartes continua a ser o de Baudrillard, mas transferiu-se do interior do sujeito epistemológico para o objecto. N’A Transparência do Mal, este mal é o objecto que se impõe, deteriorando a subjectividade, derrotando o sujeito.