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Abra de alguma lucidez audível / o que nem sabe-se por palavras nem / na música caminha, nem o silêncio anuncia-o [...] (J.O.Travanca Rego)

03 março, 2008


Soube da notícia. Fui abrir o primeiro livro que li dela, Depois de os Pregos na Erva. Embora traga na capa Afrontamento-Porto, indica-se na página 4 que é «Edição da Autora», 1973. Já lá vai muito tempo e muitos livros de Maria Gabriela Llansol se juntaram a este na estante. Gostava da sua escrita, embora em alguns textos que ultimamente publicou encontrei ilhas em vez de continentes que é o que sempre espero dos autores que gosto. Ao abrir este livro e lida a primeira página (já não me lembrava dela) dou comigo a pensar nalguma crítica e, em oposição, o grande exercício de ficção contemporânea que é este livro (e muitos outros que se lhe seguiram ou ficaram para trás). E logo no princípio dele, aí pela página 16, dou com um texto manuscrito. A letra é minha mas não sei a quem pertencem os versos.

Serão meus? De um velho Agosto? Ou terá sido em Abril? Ou serão de um poeta que copiei nesse furor da juventude?

Aqui os deixo in memoriam. Até sempre Maria Gabriela Llansol (como diria o nosso Vergílio, seu vizinho).


No teu rosto põe um riso

e no cabelo safiras

esquece o dia que passando

regressou do ocaso onde jazia.


Esquece por um dia

o destino do sol e da noite

e regressa calmamente ao verde

«coração te quero».