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Abra de alguma lucidez audível / o que nem sabe-se por palavras nem / na música caminha, nem o silêncio anuncia-o [...] (J.O.Travanca Rego)

07 maio, 2009

Continuação do último parágrafo do post anterior


Nota: falou-se hoje muito de imigração. Veio um jornal dizer que diferentes sectores da sociedade estavam contra a imigração (1ª página: sindicato, patrões e governo: todos querem menos imigrantes). Propuseram-se regras de entrada, que alguns políticos muito apreciam.

Também a imigração é um ruído. E o que temos feito ao ruído desde sempre? Afastamo-lo. Mas o ruído da imigração é o ruído da língua e dos costumes. Os que se integram, integram na sua paisagem sonora o ruído de outra língua e o da sua na paisagem dos outros. Ora, como vimos, esta é a única forma de (para além das que relevam do normativo legal ou das pulsões individuais) enriquecer distintamente a nossa paisagem sonora, torná-la mais conforme ao mundo em que vivemos.
Com a imigração legal e integrada aprofunda-se também a noção de democracia e a sua «intimidade» social.
No fundo, as paisagens sonoras alteram-se de um modo por vezes implícito, mas sempre surpreendente, porque existe o ruído dos imigrantes.