Os pés afundam-se,
neles a idade por aí acima
presa por um fio
que por vezes tange
noutras é silêncio
demorado no corpo
como querendo lembrar
as primeiras vozes
e depois os primeiros traços
que são olhos
– também eles únicos –
um cabelo perdido do amor.
A boca faz correr
um rastro de pólvora
pelo chão
que a minha filha diz
que é tinta
e eu digo-lhe
– para nisto acreditar –
que passe primeiro a mão
pelos olhos
e fale depois;
e nela a idade a crescer
sem saber de onde vem
o tempo
e o negro que o pai traduz.
O corpo desmancha-se facilmente, disse.
É uma aventura, acrescento.
(Helena Almeida- Dentro de mim)
Etiquetas
- literatura (3)
- som (3)
Abra de alguma lucidez audível / o que nem sabe-se por palavras nem / na música caminha, nem o silêncio anuncia-o [...] (J.O.Travanca Rego)
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário